Após a suspensão das publicações em abril de 2022, esse veículo retomou as atividades recentemente
Trudova Halychyna (Galícia Laboriosa) tem como objetivo "esclarecer um assunto que hoje é ignorado pelos ucranianos: a situação econômica, social e cultural dos trabalhadores galegos. Portanto, temos que ver os trabalhadores em fábricas e oficinas, empresas de construção, empresas comunitárias, fazendas, bazares e supermercados, cafés e cantinas, galerias e museus". Após a suspensão de suas publicações em abril de 2022, esse órgão de informação social retomou suas atividades recentemente. Em particular, publicou uma entrevista com o sindicato dos operadores de guindastes de Lviv, um estudo sobre as desigualdades de salários e condições de trabalho para enfermeiros e médicos. A equipe de comunicação teve a gentileza de responder às nossas perguntas.
Poderia nos apresentar o Trudova Halychyna, sua história e suas atividades desde sua fundação?
O Trudova Halychyna é uma plataforma informativa, fundada inicialmente em outubro de 2019 pelos ativistas do "Socialniy Ruh" (Movimento Social). Seu objetivo é destacar problemas com condições de trabalho, greves, protestos etc., concentrando-se principalmente na região da Galícia da Ucrânia (regiões de Lviv, Ternopil e Ivano-Frankivsk). Desde que o canal foi fundado, ele publicou centenas de notícias e trouxe à tona muitos problemas dos trabalhadores do oeste ucraniano.
Após o início da invasão em grande escala, nossas prioridades mudaram e muitos de nossos ativistas foram para o exército, mudaram-se para o exterior ou se espalharam pela Ucrânia. A atividade do canal foi colocada em pausa. Mas a guerra em grande escala não mudou o fato de que os trabalhadores da Ucrânia sofrem com o capitalismo. Embora a guerra tenha desviado a maior parte da atenção das questões relacionadas ao trabalho, elas não desapareceram e, em muitos aspectos, só pioraram. Levando isso em conta, decidimos renovar a atividade do canal e continuar publicando.
Como você avalia a situação dos trabalhadores na Galícia desde o início da guerra?
A situação dos trabalhadores no oeste da Ucrânia desde o início da invasão em grande escala reflete, de muitas maneiras, a situação geral dos trabalhadores em nosso país. Embora os ucranianos do oeste sejam muito menos afetados pelos ataques de mísseis russos e pelas ações agressivas da guerra, eles estão sujeitos às novas leis trabalhistas de emergência, que foram postas em prática pelo governo ucraniano. Essas leis foram adotadas no primeiro mês após a invasão e se concentram principalmente em dar aos proprietários de empresas mais liberdade para demitir trabalhadores ou enviá-los para um período de inatividade não remunerado, limitando a autoridade dos inspetores do trabalho e dos sindicatos etc. Essas leis são consideradas temporárias e permaneceriam ativas até o fim da guerra, mas já havia alguns indicadores de que os parlamentares não parariam por aí e fariam o possível para tornar essas mudanças permanentes.
Uma parte importante dessa situação foi a proibição oficial de qualquer greve durante a guerra. Antes da guerra, as greves eram extremamente importantes na luta dos trabalhadores por melhores condições aqui na Galícia. Por exemplo, somente nos últimos dois anos antes da invasão em grande escala houve greves bem-sucedidas de mineiros, operadores de guindastes e trabalhadores médicos na região de Lviv.
Você pode descrever o movimento sindical na Galícia e suas atividades desde 24 de fevereiro de 2022, suas dificuldades?
Os trabalhadores do oeste da Ucrânia são muito menos afetados pelas consequências diretas da guerra e têm mais capacidade de resistência organizada. Desde o início da invasão, muitos trabalhadores das regiões sul e leste se mudaram para o oeste, aumentando assim a oferta no mercado de trabalho e criando oportunidades para os empregadores tentarem reduzir os salários. Esse é um dos principais problemas com os quais o Sindicato dos Trabalhadores de Guindastes de Lviv está lidando agora: enquanto eles tentam pressionar pelo aumento do salário por hora para US$ 5,4, muitos novos trabalhadores que se mudaram de outras regiões para Lviv estão dispostos a trabalhar por menos de US$ 3,5, apenas para conseguir o emprego. Naturalmente, muitos empregadores se aproveitam dessa situação. Portanto, alcançar os trabalhadores não sindicalizados e motivá-los a exigir salários mais altos de seus chefes tornou-se a prioridade.
Após o início da invasão em grande escala, muitos dos trabalhadores, entre eles os ativistas sindicais, foram convocados para o exército ou se alistaram como voluntários. Uma parte tão importante do trabalho dos sindicatos durante a guerra é fornecer apoio material aos seus companheiros do exército: comprar equipamentos, roupas, veículos etc. As campanhas de arrecadação de fundos são realizadas regularmente, com membros do sindicato e trabalhadores não sindicalizados doando entusiasticamente milhares e milhares de hryvnias.
Quais são seus projetos?
Nos últimos meses, realizamos várias entrevistas com trabalhadores ativistas. A primeira delas foi com Marta Bernagevych, médica de Velykyi Lubin, região de Lviv, que foi uma das trabalhadoras médicas de um hospital local que protestou para remover o diretor da unidade médica, que estava envolvido em corrupção. O protesto foi bem-sucedido e perguntamos a ela sobre os desafios que enfrentaram para organizar o protesto. A segunda entrevista foi com Lubomir, do Lviv Crane Workers Union. Ele nos contou sobre a história do sindicato e os desafios enfrentados durante o período de guerra.
Nossos outros projetos incluem uma pesquisa sobre os trabalhadores entre os operadores de guindastes na região de Lviv, uma entrevista com um soldado recruta sobre as condições no exército ucraniano e também um projeto educacional destinado a ajudar mulheres que perderam seus empregos.
Atualmente, vocês estão publicando sobre a Galícia. Vocês acham que um dia cobrirão toda a Ucrânia?
Na verdade, estamos planejando continuar cobrindo assuntos locais na região da Galícia, já que cobrir toda a Ucrânia inevitavelmente desfocará nosso foco e exigirá muito mais recursos de nossa equipe. Fazemos parte da Socialniy Ruch, que é uma organização totalmente ucraniana, e gostaríamos de incentivar nossos companheiros de diferentes cidades: Kyiv, Kharkiv, Dnipro, Kryvyi Rih, a organizar plataformas semelhantes que se concentrem em suas respectivas regiões. Enquanto a plataforma oficial de toda a organização poderia destacar as notícias mais importantes de cada região e se concentrar na cobertura de questões mais amplas e fundamentais.